Aumenta o número de indenizações pagas pelos seguros de carro por adultos de entre 35 e 44 anos de idade

A causa desta modificação pode ser achada no envelhecimento da população brasileira e num menor interesse do setor jovem em tirar a carteira  de habilitação.

A questão dos acidentes de trânsito é um dos mais preocupantes no Brasil. Só no ano ado os dados do Ministério de Saúde apontam que 30.371 pessoas morreram em decorrência do trânsito brasileiro. Ainda que o total de mortes tenha diminuido um 7,5% se comparado com o ano 2018, continuará sendo una cifra alarmante.

Contudo as características dos acidentes vão mudando com o tempo e dependendo do comportamento dos involucrados (motoristas, pedestres, etc.). Assim foi constatado pela Seguradora Líder, a do Seguro DPVAT, mediante um levantamento que registrou uma queda no número de jovens vítimas de sinistros nos últimos anos. De acordo com a Seguradora, as indenizações pagas para vítimas entre 18 e 24 anos registra baixa gradual desde 2015, tempo em que aquela faixa etária representava 23,1% do total de benefícios entregues pelo DPVAT. Esse porcentual se reduz e, para 2019 os jovens correspondem a 20,2% dos seguros pagos.

Ao mesmo tempo aumentaram o número de acidentados de 35 a 44 anos que representava 19,6% das indenizações total em 2015  e que nos registros de 2019 aram para 21,8% das pagas pelo DPVAT.

A causa desta modificação pode ser achada no envelhecimento da população brasileira e num menor interesse do setor jovem em tirar a carteira  de habilitação para dirigir e contar com veículo próprio. Como explica o diretor de Operacoes e TI da Líder, Iran Porto,“tirar carteira não é mais um sonho. Temos observado uma mudança de comportamento entre os mais jovens, muitos movidos pelo desejo de uma vida mais sustentável e até mesmo apoiados pela praticidade gerada pelo crescimento da oferta dos aplicativos de transporte”…

 

A hipótese é confirmada pelos dados publicados no Departamento Nacional de Tránsito no que tem a ver com motoristas habilitados. Em dezembro de 2015, 2.989.523 pessoas na faixa entre 18 e 21 anos contavam com habilitação para dirigir. Já para finais do ano ado o número tinha descido para 2.516.346. O envelhecimento da população também foi registrado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): a distribuição por grupos etários apresenta queda principalmente na parcela de pessoas debaixo dos 30 anos de idade. Sendo em 2012 de 47,7%, ou para 42,3% no ano ado.

O DPVAT

É importante lembrar que o seguro DPVAT (Danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre) é um seguro obrigatório que responde em caso de acidentes de trânsito sem apuração de culpa e não reemplaza outro tipo de proteções mais amplas como a contratação de um seguro de carro com cobertura total. Em caso de ocorrência de um sinistro no território do país, o acidentado (seja motorista, ageiro ou pedestre) pode solicitar a indenização correspondente: morte (R$13.500), invalidez permanente (de R$135 a R$13.500) e reembolso de despesas médicas e suplementares (até R$2.700). Uma boa notícia é que atualmente a companhia Seguradora Líder, a do DPVAT, tem habilitado um novo método de atendimento via WhatsApp com o objetivo de desburocratizar os processos de solicitudes e dúvidas.

Mudança na sinistralidade durante a pandemia

As fortes alterações na vida dos cidadãos, provocadas pela irrupção da Covid-19 e as medidas tendentes a combatê-lo, também viram trazer mudanças no comportamento dos motoristas e nas estatísticas de acidentes de trânsito. É só pensar na quantidade de atividades que costumavam ser feitas fora do lar, implicando deslocamento, e que hoje podem ser realizadas tranquilamente através de um aparelho eletrônico como smartphone, notebook, tablet, etc.

Nessa linha são muitos os estados e regiões que tem percebido as consequências nas estradas.  Assim por exemplo no Distrito Federal, desde janeiro a agosto deste ano morreram 107 pessoas por acidentes de trânsito. Trata-se do menor número dos últimos 20 anos. Em comparação com o 2019 a redução do total de vítimas foi de 39%, com 175 falecidos. Como já foi explicado, a queda se associa diretamente à redução do fluxo de veículos, no entanto com a retomada das atividades suspensas a circulação de pessoas na rua vem se incrementando e as previsões de acidentes pode mudar.

Aumento de bicicletas nas ruas

O tipo de vítimas e características dos acidentes também tem sofrido alterações por causa da pandemia. O exemplo icônico é o caso dos ciclistas. Eles se tornaram as maiores vítimas no trânsito durante a pandemia. Nas cidades mineiras por exemplo, entre março e junho, em comparação com o mesmo período do ano ado, foram seis vezes mais as mortes de usuários de bicicleta em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS).

A explicação se encontra no aumento de ciclistas produzido no primeiro semestre do ano. A Associação Brasileiro do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) informou que a venda do produto mais que dobrou no país se comparado com o mesmo período do ano ado registrando um aumento de 118 por cento. Trata-se de uma ótima notícia para o setor, mostrando não unicamente a recuperação do mercado fortemente prejudicado no início da pandemia, mas também reflete o crescimento atingindo um patamar histórico. O choque de vendas trouxe um grande alívio se levado em conta que, entre março e abril, mais da metade das lojas de bicicletas registraram quedas de 50% a 70% no faturamento.

O boom se deve a necessidade das pessoas de poder se locomover de forma individual evitando o uso do transporte público com os riscos de contágio que aquele significa. Além disso, tornou-se uma atividade de lazer e exercício muito atrativa para quem a  tempo demais na casa. Outro fator levado em conta foi o fato de que muitas famílias sofreram as consequências económicas da crise e, na procura de reduzir o orçamento, se inclinaram por este meio de transporte que supõe custos fixos bem menores se comparados com os carros ou motocicletas. Ao anterior se soma o incremento no uso dos aplicativos de delivery, (do tipo Ifood, Glovo, etc.) atento que a maioria dos repartidores utilizam bicicletas para prestar o serviço.

 

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